3.8.13

CLASSE MEDIA

Evito o maximo que posso falar de politica no meu blog. Mas vi um post no Facebook com uma frase da filosofa Marilena Chaui. A frase é a seguinte:
“A classe média é estupidez. É o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista”.  “A classe média é uma abominação política, porque ela é fascista, uma abominação ética, porque ela é violenta, e ela é uma abominação cognitiva, porque ela é ignorante”

Tive uma discussão ideológica com um cara só por conta do tal post com os dizeres acima. Meio estranho o cara apoiar tais dizeres. Se a pessoa está na USP, ela faz parte da classe média ou está com pretensões de ascenção social (claro, tem o pessoal que se forma como professor e vai dar aula em situações bastante precárias - o que eu não classifico como ascenção social, mas é outra história).

No vídeo abaixo eu acredito ter toda a história das frases acima. Muito ruim falar de frase sem contexto. E a conclusão que eu chego é que:
  1. Ela transformou uma situação de assédio físico e moral (típica da neurose de São Paulo) num refrão de ódio e favorecendo o que se chama de luta de classes. 
  2. Não escutei duas vezes mas ela mistura "classe média" com "classe média paulistana" com "exclusão social em seleção de funcionários" e .. ódio classes tal como se vê (ou tal como eu via) em novelas da rede Globo. 
Fico chocado porquê só gente bem radical da esquerda é que prega tal ódio contra a "classe média". E ela ainda usa uma definição que parece ser dos anos 60 e 70 ou ainda antes, quando existiam classes A, B e C ou na definição de Marx, classe dos donos de produção, a dos trabalhadores e ai sim, a tal classe média. Só que está muito difícil definir o que é classe média hoje. Mais fácil definir quem está empregado e quem não está. Os donos do pedaço são as corporações, as multinacionais. Existe um verdadeiro banana-split de mais de 100 sabores no que se refere as classes sociais de hoje. Mas pela definição dela, não dá para se ter certeza das características do que é "classe média", se é o pessoal da classe média alta, baixa, se é o pessoal da classe C que subiu para a classe B. Não fala se é aquele pessoal que estudou em colégios caros ou se é alguém que venceu na vida.

Numa hora específica ela começa a criticar a ignorância daqueles que através do estudo, dedicação e outras qualidade, esse pessoal que aspira ter capital, esses seriam os "ignorantes" da classe média. "Ignorantes" ou "imbecis" porquê acreditam em ascenção social através da capacidade pessoal, do estudo, da economia pessoal. Quer dizer, se a pessoa tem a idéia de "vencer na vida", é classe média. Portanto, uma excrecência? Vai dizer isso para a grande maioria que não consegue emprego e depois tenta prestar concurso público.

E volto a dizer, tudo começa com um "bullying" que ela sofreu de um sujeito que pode perfeitamente não ser "classe média".

Do ponto de "merchandising", a frase dela é ótima. Ninguém falava mais dela fora do contexto acadêmico, então já estão comentando. Essa frase vai ser bastante lembrada e infelizmente, pelo pessoal mais radical e menos escolarizado. Muito bullying inter-classes pode acontecer por conta dela. Do ponto de vista  das manifestações que ocorreram em São Paulo e em todo o país, não acho que foi feliz.

Marx era de origem burguesa. Engels era industrial. Che Guevara também nasceu em berço de ouro.  Realmente não entendo essa radicalidade.

O sujeito com quem troquei posts no final achava que por conta de umas maças podres, "tinha que acabar com toda a classe média porque o edifício está podre". Acabar como? Não entendi.

Bom, agora estou fazendo matemática, pelo menos não tenho mais que ver estudantes radicais discursando desse jeito em sala de aula.   O vídeo da aula dela está abaixo