4.5.07

EXECUTIVA

EXECUTIVA - Me postaram isso, nao sei de quem eh
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> A Executiva
>
> Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no
> peito, vacilou, cambaleou. Deu um gemido e apagou. Quando voltou a
abrir
os olhos, viu-se diante
> de um imenso Portal.
>
> Ainda meio zonza, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas. Todas
> vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem
entender bem
o que estava
> acontecendo, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes:
>
> - Enfermeiro, eu preciso voltar urgente para o meu escritório, porque
> tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá
por
engano, porque meu
> convênio médico é classe A, e isto aqui está me parecendo mais um
pronto-socorro.
>
> Onde é que nós estamos?
>
> - No céu.
>
> - No céu?...
>
> - É.
>
> - Tipo assim... o céu, CÉU...! Aquele com querubins voando e coisas
do
gênero?
>
> - Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente. Apesar
das
óbvias evidências
> (nenhuma poluição, todo mundo sorrindo, ninguém usando telefone
celular),
a executiva
> bem-sucedida custou um pouco a admitir que havia mesmo apitado na
curva.
>
> Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das
infalíveis
técnicas avançadas de
> negociação, de que aquela situação era inaceitável. Porque, ponderou,
dali
a uma semana ela iria
> receber o bônus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a
posição de presidente do
> conselho de administração da empresa.
>
> E foi aí que o interlocutor sugeriu:
>
> - Talvez seja melhor você conversar com Pedro, o síndico.
>
> - É? E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária?
>
> - Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece.
>
> - Assim? (...)
>
> - Pois não?
>
> A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem. À sua frente,
imponente,
segurando uma chave que
> mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro. Mas, a executiva
havia
feito um curso intensivo
> de approach para situações inesperadas e reagiu rapidinho:
>
> - Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva
> bem-sucedida e...
>
> - Executiva... Que palavra estranha. De que século você veio?
>
> - Do 21. O distinto vai me dizer que não conhece o termo "executiva"?
>
> - Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo.
>
> Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima
> autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em
modernas
técnicas de gestão
> empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a
executiva
poderia rapidamente
> assumir uma posição hierárquica, por assim dizer, celestial ali na
organização.
>
> - Sabe, meu caro Pedro. Se você me permite, eu gostaria de lhe fazer
uma
proposta. Basta olhar
> para esse povo todo aí, só batendo papo e andando a toa, para
perceber que
aqui no Paraíso há
> enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistêmica.
>
> - É mesmo?
>
> - Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia. Por exemplo, não
vejo
ninguém usando crachá.
> Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê?
>
> - Ah, não sabemos.
>
> - Headcount, então, não deve constar em nenhum versículo, correto?
>
> - Hã?
>
> - Entendeu o meu ponto? Sem controle, há dispersão. E dispersão gera
> desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar virando uma anarquia.
Mas
nós dois podemos
> consertar tudo isso rapidinho implementando um simples programa de
targets individuais e
> avaliação de performance.
>
> - Que interessante...
>
> - Depois, mais no médio prazo, assim que os fundamentos estiverem
sólidos
e o pessoal começar a
> reclamar da pressão e a ficar estressado, a gente acalma a galera
bolando
um sistema de stock
> option, com uma campanha motivacional impactante, tipo: "O melhor céu
da
América Latina".
>
> - Fantástico!
>
> - É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização e
um
organograma funcional,
> nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não
consigam resolver.
>
> - !!!...???...!!!...???...!!!
>
> - Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a
> definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas
> factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do
investimento
do Grande
> Acionista... Ele existe, certo?
>
> - Sobre todas as coisas.
>
> - Ótimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing
progressivo,
encontrar sinergias
> high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e
investir no
> desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O
mercado
lestérico, por
> exemplo, me parece extremamente atrativo.
>
> - Incrível!
>
> - É óbvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear
um
board de altíssimo
> nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim de
salário de seis dígitos e
> todos os fringe benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando
de
colega para colega,
> tenho certeza de que você vai concordar comigo, Pedro. O desafio que
temos
pela frente vai
> resultar em um Turnaround radical.
>
> - Impressionante!
>
> - Isso significa que podemos partir para a implementação?
>
> - Não. Significa que você terá um futuro brilhante... se for
trabalhar com
o nosso concorrente.
> Porque você acaba de descrever, exatamente, como funciona o
Inferno...

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