Eu realmente perco a cabeça com algumas manchetes "hacker" que vejo por aí. Primeiro porque não vejo o mínimo respeito pelos hackers do Unix e do Linux, o pessoal que realmente entende do assunto. Os caras falam de "hackers" quando deveriam falar de "script kiddies" ou "marmiteiros" mesmo. Quer exemplo?
Um tal de Christopher Klaus está dizendo por aí que em termos de "hackers", o Brasil está tão bem servido quanto no futebol, vide http://www2.uol.com.br/info/aberto/infonews/062002/12062002-9.shl. Quem é esse cara? Uma pesquisa simples no Google demonstrou que ele é o "mantenedor" de vários FAQs de segurança. Mantenedor, o cara que decide o que vai e o que não vai nos faqs. "OH, legal! O cara deve ser quente, né?". Só que vejam só nesse link, que lista os faqs pelo email do autor:
http://www.faqs.org/faqs/by-author/cklaus@iss.net.html
Tudo o que está lá são FAQs datando de antes de 1998. Pelo visto, ele "foi" mantenedor. O Windows NT Faq que ele tocou foi atualizado pela última vez em 99 (claro que posso não ter procurado direito, mas).. Pelo amor de Deus, naquele tempo o pessoal ainda acreditava que o bug do milênio ia acabar com a raça humana. Deve-se levar a sério uma fala dele? Bom, no tempo em que o attrition.org estava "alive & kicking" (mucho loco, pintando e bordando) com sua lista de defacements, já se via uma alta dos brasileiros pelo mundo afora. Então o que ele disse não é notícia. Todo mundo está sabendo disso. Ah, mas ele comparou a capacidade dos brasileiros com hacking com o futebol. Besteira. Olha bem o que o cara é hoje: gerente e fundador de uma empresa presente em 22 países e com lucro líquido de 11,5 milhões de dólares (dentro ou fora dos EUA?). Que que eu sub-entendo por isso? Se ele falou tudo isso para um repórter brasileiro, o cara está é interessado em entrar no lucrativo mercado brasileiro de segurança informática da mesma forma que o Phiber Optik, que era muito mais phreaker (especialista em sistema telefônico)do que hacker. O mercado brasileiro de segurança atualmente está bastante bom, tem gente de fora querendo entrar. Os caras cobram os olhos da cara e os clientes pagam. Mas são clientes que não querem pagar treinamento anti-hacker para os funcionários nem aumentam os salários. Despedem os cabeças e substituem por estagiários, só porque viram isso num livrinho de "reengenharia", "inteligência emocional" ou "knowledge management" (a ultima moda em informar os patroes sobre quem é que pode ser despedido sem causar dano). É um mundo cão mesmo..
Concluo que se pode esperar mais declarações do Mr. Klaus para a imprensa. Que sempre está interessada em assustar o público. Uma porque vende jornal. Quer aparecer no jornal? Inventa uma declaração qualquer de que "hackers são um perigo" e verá sua empresa ser divulgada rapidinho.. Manchete comentando que a maioria dos sistemas invadidos por hackers são feitos pela Microsoft (de acordo com índices feitos pela Attrition.org em últimas estatísticas), você não encontra porque aí a Microsoft provavelmente pode querer diminuir a verba de propaganda. Porque a manchete não se concentra em Mr. Klaus falando que ambientes Windows criam usuários pouco conscientes de segurança? Pode ser porque o jornal não quis publicar isso (presumindo que ele tenha falado). Jornais de qualquer tipo publicam aquilo que querem, mesmo que seja uma única frase pequena no meio de três horas de entrevista. Faz sentido pensar que a empresa de Mr. Klaus fature com gerentes de informática que tenham medo de invasão. Então porque ele iria mencionar que com Linux acontecem menos invasões. Ele é contratado para impedir invasões, não para prevenir. Nem sei porque me dou ao trabalho de comentar isso..
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