20.11.02

BRASIL, EXPORTADOR DE "HACKERS" - Tá correndo a internet agora que só por que uma empresa britânica fez uma pesquisa e declarou isso. Grande novidade. Já saiu na VEJA do ano passado e provavelmente vai sair em alguma revista no ano que vem. Quanto sensacionalismo. Vamos ver a reportagem no http://www1.uol.com.br/folha/informatica/ult124u11609.shtml , um texto sobre a empresa no http://www1.uol.com.br/folha/informatica/ult124u11615.shtml , e... OOOPS! Temos uma reportagem, uma entrevista no http://www1.uol.com.br/folha/informatica/ult124u11617.shtml

Olha só o que os caras perguntam e o que respondem. Leiam a entrevista. Primeiro, o cara começa a entrevista fazendo propaganda da quantidade de gente que eles catalogaram como "hackers" e grupos de "hackers", uma distinção meio vaga, como aliás toda a entrevista. Gente que não entende de "hacker" entrevistando gente que ganha dinheiro de empresas que não também não sabem a diferença. Tudo bem. Aí fala que multinacionais usam técnicos brasileiros de informática. OK. Mas o que sai na imprensa é que a Índia está cotadérrima como fonte BARATA de técnicos de informática brasileiros. Até onde sei tá um monte de gente desempregada aqui que vai nos EUA lavar pratos e não em empregos de informática. E depois já começa a tacar o "cibercrime" no meio, sem nem definir até onde é cibercrime e até onde é hacking. Que eu sei, há diferenças. Depois já começou a tacar "processo político" no meio.. olha, ele nem comentou uma hipótese de fraude eletrônica nas eleições, coisa que me falaram que aconteceu mas foi abafado. E depois, olha só o tempo verbal da frase "Há também muitas organizações criminosas no Brasil, envolvidas com o narcotráfico e lavagem de dinheiro." Organização criminosa tem em todo lugar, inclusive no Palácio do Planalto, onde eles deixam uns incompetentes..deixa p. lá, continuando com o texto.. "Eles podem estar usando os acessos de banda larga nos EUA e na Europa para conseguir números de cartões de crédito para fazer fraudes." Podem. É. Eles podem. Não falam que estão. É condicional. Existe a possibilidade. Podem. Poderiam. Não fala que conseguiram, muito menos que estão fazendo, falam que podem estar fazendo. Legal. Daí pra frente temos mais frases soando como possibilidades: G-8. "principais países do mundo terão de dialogar com as autoridades brasileiras para que aprovem leis que dificultem as atividades de hackers e que prendam alguns deles para servir de exemplo". Tem dó. O Brasil não conseguiu nem colocar o Código Civil em prática, tá ocupadíssimo pensando a reforma da previdência e vai aprovar legislação a toque de caixa só pra inglês ver? Ah, ele ainda acredita que estamos no tempo do Brasil-Colônia. E ainda por cima a hipótese que isso vai acontecer porquê os islâmicos vão contratar "hackers" brasileiros. Até tô vendo anúncio no jornal, o prêmio do cara que hacker o email do Bush vai ser 50 virgens lá no paraíso. Ou esse cara sofre de fimose cerebral ou ele quer o que acabou acontecendo: um monte de gente discutindo as alegações dele e fazendo propaganda gratuita para uma empresa que pode muito bem estar ganhando grana num mercado que movimenta milhares para não dizer milhões de dólares: o mercado da insegurança eletrônica. INSEGURANÇA INFORMÁTICA. Presumindo que a intenção dele não seja essa, porque esse cara não comenta que o maior medo das empresas (acho que 50% uma estatística antiga) é de invasão eletrônica e o maior prejuízo (em torno de 50%) é com SERVIÇO INTERNO (os famosos inside-jobs) feito por funcionários mal pagos, mal treinados, mal intencionados ou tudo junto. Acho que já saiu na Gazeta Mercantil, essa pesquisa. É por essas e outras que não faço questão de ler a Folha de São Paulo. Uma, porque custa dinheiro, o Jornal ESTADO DE SÃO PAULO eu leio de graça na rede. Mesmo sendo reacionário, pelo menos lendo nas entrelinhas, chego mais próximo do que talvez seja a realidade. Se vc espalhar essa notícia por aí, pelo menos espalhe a fonte: http://barataeletrica.blogspot.com Autoria: Derneval Cunha

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